Sobre(viver).


Servem-te o fim numa bandeja de charme e romance
Optas por petiscar um pouco do podre que tens
Fechas-te em copas com o novo paladar
Aguardas outra injecção de angustia
Não esperas mais nada
Deram-te mais do que desejavas
A história da tua vida
Sabes agora como acabas
Foges corres e não paras
Não precisas
Hás-de parar.
Não por ti,
por alguém.

O calendário apressa-se em mostrar que ja se avizinha
Rasgas-lhe dias e dias
Como se saltasses sobre ele
Como se o ludibriasses
E depois te sentasses de novo no sofá
Que já não tem a mesma cor nem textura
Mas o fim ainda perdura
Ainda se faz vingar da tua mentira
Ainda te oferece toda a amargura
Que juraste nunca querer
Não hoje
Não nesta vida...

Rogas preces
Defendes o teu caso
Reinventas-te como quem não o merece
Desiste.
Adocica-te com ele
Rasga-te na coxa um pouco de pele
Desenha um bolso
E guarda-o
Não, na coxa não
Perto do peito
Dentro do coração
Estima-o.

"E só assim eu sobrevivo."
C.A. (By Vasco Leão)

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