"Meu sabor é devasso
profano
Insano
Mundano
de santa e de puta são tantas as mulheres em mim
que NÃO SEI DEFINIR-ME entre tantas...
mas encontraria todas elas no calor dos teus abraços."
C.A.
Meu sabor!!!
Eu queria apenas...
Eu queria apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.
É na linha da tua mão que encontro o meu destino!!!
É na linha da tua mão qu’encontro o meu destino
(E nas paredes do quarto - o frescor,
da manhã...)
Dá-me um esgar de sombra
(dos teus olhos)
para que te guarde no desembocar,
dos dias...
Arrancando o breu – das horas
na fímbria, da solidão...
(Uma overdose d’anseios reacende o ciciar,
da vigília...)
Escuta o estremecer da pele – que t’implora,
sentindo o enevoado dedo qu’esboça os contornos, da noite
na lareira, do meu sonho...
(Pairam as mágoas nos lábios,
que te desejam...)
A morte torna-se branca, (contigo...)
incendiando os vestígios inflamáveis,
dos corpos...
(Perdi a nitidez – do mundo
no místico torpor,
da clausura...)
É para lá da estrada que te recordo
(de fogo em fogo, pelos ares...)
rejeitando as aparas que o vento ateou,
em mim...
Cristaliza-se o desejo ao pescoço que silva
(E sua...)
Sou eu que gano a tua ausência
(e lampejo...)
no vaivém das memórias
(que me iça...)
Na linfa:
o teu sabor
Na palma:
as águas proibidas - do teu canto
(E no sangue...)
a vulgar brandura - do rosto
como se o infinito coubesse inteiro,
nas tuas mãos..."
C.A.
Como definir o sabor da saudade?...
Como definir o sabor da saudade?...
"Um misto de alegria... tristeza... melancolia,
Lembranças de um passado que o tempo absorveu...
Róseas sombras de emoções, envoltas em nostalgia,
Que quem sentiu de verdade... nunca, jamais, esqueceu...
É tudo aquilo que fica daquilo que não ficou,
Um gosto contraditório de infindas evocações,
O amargo-doce fruto que lentamente brotou,
Da árvore de nossa vida, no jardim das ilusões.
Evocar entes queridos ou uma meiga amizade,
Leves brisas de amores, sua presença e perfume,
E também casos intensos – tudo acaba em saudade –,
Até o tempero pesado de uma cena de ciúme.
Do inferno ao paraíso, na saudade, a gente vaga,
Viagem indefinível, sabor de recordações,
Em brasas adormecidas que o destino não apaga,
E que agitam, por vezes, cinzas de antigas paixões...
Se arrepios pelo corpo ou delírios pela alma,
É o que a saudade nos causa – seja ou não definida –,
Uma certeza nos fica e a ansiedade acalma:
Saudade a gente sente das boas coisas da vida..."