"Hoje, ouço o teu som no nada"


Hoje, ouço o teu som no nada,
onde permaneces e me inquietas.
Sinto-te no esquecimento, creio-te em mim.
Porquê? Pergunto-te eu…
tu respondes-me com silêncio, o teu silêncio…
A noite é longa, o frio atravessa-me aos poucos,
deixo-me ir na tua melodia, linda, gelada,
som indefinido.
olho-te em mim e ignoro-te,
Tu chamas por mim! Dizes que me queres!
Eu ignoro-te nas tuas mentiras…
o teu veneno sublime, teu encanto!
Levanto-me, aproximo-me da janela, olho o céu.
Está escuro, as estrelas tremem com a brisa gelada,
tu continuas lá,
uma melodia que toca eternamente em mim, que me corta,
uma melodia que me encanta com o desespero do nada,
a não existência de um Eu em Ti,
o vazio, a indefinição do real.
Volto para a cadeira onde estava, olho para o papel,
nele vejo as lágrimas de quem chorou sem saber a causa.
O sofrimento da tinta que choraste em mim,
e eu vejo-te agora nos meus pensamentos,
esboço-te no nada,mas com o silêncio no teu tudo...

C.A.